lirik lagu eles comem tudo – chullage
[verso 1]
e a finança enche a pança
com o aval da liderança
despedimentos em vez de aumentos
são os rumos da mudança
especuladores, ladrões de ofícios
grandes salários e benefícios
bebem o fruto do nosso suor
e depois pedem-nos sacrifícios
apoderam-se da gerência
levam empresas à falência
saem com bónus de milhões
e despedem sem clemência
e o salário mingúa
p’ra que o lucro não diminua
justificam-se com a crise
e os bancos põem-nos na rua
saem do público p’ró privado
depois do futuro adjudicado
vendem serviços a eles próprios
pilhando os cofres do estado
combatem o défice na nossa mesa
mas vivem à grande e à francesa
congelam salários e subsídios
que é p’ra cortar a despesa
fazem-nos retenção na fonte
enquanto empresas põem-se a monte
no paraíso fiscal p’ra lá do nosso horizonte
impõem um empréstimo em troca de soberania
enriquecem com os juros e sufocam a democracia
[refrão]
eles comem tudo
[verso 2]
cortam na educação
exigem mais avaliação
abandonam o ensino público
mas os seus filhos lá não estão
saúde também leva pancada
compartic-p-ção cortada
morremos na fila de espera
eles estão na clínica privada
falam de paz e democracia
em igualdade, cidadania
e dão-nos o direito de escolha
p’ró próximo rosto da tirania
entram tanques e aviões
chamam paz a ocupações
deixam rasto de sangue
na riqueza das nações
trazem servos e minérios
deixam escombros e cemitérios
enriquecem a reconstruir
os seus velhos impérios
p’ró mundo levam do ocidente
os seus restos e excedentes
em nome da ajuda humanitária
destroem a economia da gente
entram máquinas adentro
expulsam-nos dos nossos alojamentos
lá longe de empresas de cimento
e fazem grandes empreendimentos
dos seus condomínios fechados
com seguranças e empregados
afastados da miséria
e ódios por eles criados
[refrão]
eles comem tudo
[verso 3]
vêm com o grande capital
e abrem o centro comercial
catedral do consumo
e matam o comércio local
nas terras dos outros enchem carteiras
fazem turismo com peneiras
refugiam-se na fortaleza
e fecham as suas fronteiras
fazem crescer economias
parasitando minorias
os últimos a quem reconhecem
liberdades e garantias
cruzadas evangelistas
holocaustos sionistas
vão conquistando mundo
na caça aos fundamentalistas
pregam a fé dos belicistas
queixam-se de guerrilhas e bombistas
pela contagem das vítimas
mas eles é que são os terroristas
impunes a roubar milhões
prendem os pequenos ladrões
que neste país pilhado
digladiam-se por uns tostões
depõem o inimigo eleito
e põem o amigo do peito
a manejar as marionetas
do colonialismo refeito
aumentam o orçamento
p’rá guerra e o policiamento
p’ra conter o descontentamento
esse é o crime violento
p’ra se proteger da multidão
que só quer pão e habitação
eles comem tudo que há pra comer
e deixam-nos a estender a mão
[refrão]
eles comem tudo
[sample: vítor gaspar]
“nem mais nem menos, é a dose exatamente necessária”
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