lirik lagu paradigma do poço – joão pestana x alpha studart
[verso 1: pestana]
é o paradigma do poço
quanto mais lutas por sair mais se multiplica o teu esforço
até que o corpo fique pesado, cansado, frouxo
apesar do suor que pões, este não será folclore de canções
(só) lubrifica as escarpas que não são moles ao contacto
cortam pele como facas amoladas pelo fracasso
e se a ferida já gangrena do mesmo corte, no mesmo lado
(cuidado) se viste dano, no fim, quem é o culpado
quem não. caiu ao dar o o salto e nem foi de pé
em vão, será cada impulsão se a mola não for fé
falo da tua própria ação, não em jesus de nazaré
nem de quem do éden governa se a pocilga é para a ralé
e o lamiré, que tu és o divino e todo esse rodapé
afirmo que é tão firme que nem um cliché é
do poço vais sair para o celestial cabaré
construido por ti próprio e os presentes na maré
[refrão]
ah pois é, ah pois é
este poço só pode ser túnel porque vejo luz do outro lado
no passo atravessado degusto lições de asfalto, resisto em dar o salto
pois não há luz no fado dado e eu só piso o iluminado
ah pois é
este poço só pode ser túnel porque vejo luz do outro lado
no passo atravessado degusto lições de asfalto, resisto em dar o salto
pois não há luz no fado dado e eu só piso o iluminado
[verso 2: alpha]
tenho a sensação que vejo um filme turco
simulo uma realidade que se interpula na dúvida
os pés estão frios, a terra está húmida
é súbita a transação da alucinação para o facto refuto, (não estou maluco)
não me lembro de quando cai no pântano
suponho que fui germinando desde os primórdios
introspeção dum fungo, também ele tem âmago
oriundo das gafarias, depósito de leprosos
neste território inóspito, toda a carne tem charme tóxico
toda ela teve um corpo que se dissolveu no lodo
lama até ao pescoço, embrião do precatório
atolo, e quando sair do fosso encaro com mais um estorvo
nem é remar contra a corrente é ir
correndo contra o vendo, bigornas
com correntes, esticadas nos tornozelos
desarticula os movimentos
não há cá suplicas de joelhos
se for para partir os dentes
prefiro grunhir pelos cotovelos
[refrão]
ah pois é, ah pois é
este poço só pode ser túnel porque vejo luz do outro lado
no passo atravessado degusto lições de asfalto, resisto em dar o salto
pois não há luz no fado dado e eu só piso o iluminado
ah pois é
este poço só pode ser túnel porque vejo luz do outro lado
no passo atravessado degusto lições de asfalto, resisto em dar o salto
pois não há luz no fado dado e eu só piso o iluminado
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